O inesquecível caso Enron: conflito e crise organizacional

O caso Enron é infelizmente uma boa ilustração quando o tema é Gestão de Crises nas Organizações. A Enron foi uma empresa americana da década de 1985 cujo negócio inicial foi a exploração de gás natural e produção de energia. O seu rápido crescimento abarcou a diversificação nos negócios voltados a comunicações, celulose e empresas de papel à internet e seguro climático para negócios específicos, tais como a agricultura. Durante cinco anos consecutivos, de 1997 a 2001 esta empresa foi considerada a mais inovadora na américa. No ano de 2000 foi considerada a sétima maior empresa, dotada de lucratividade exacerbada, com 4.000 funcionários. 

Em 2001 foi o ano em que a estratégia de fraude da Enron foi descoberta pela auditoria da SEC (US Securities and Exchange Commission), entidade reguladora do mercado de capitais, ocasionando uma valiosa perda das suas ações, de 86 dólares para 30 centavos e a perda de aproximadamente 11 bilhões de dólares aos acionistas. A Enron manipulava de forma crescente as informações da sua verdadeira rentabilidade e lucratividade aos investidores e acionistas, e desta maneira acabou sendo considerada empresa de referência em fraude. A sua falência deixou 21 mil pessoas desempregadas e aos pensionistas e acionistas coube perdas de investimentos de mais de 25 milhões de dólares. O seu dono Ken Lay e o seu gerente de operações financeiras, Jeff Skilling foram indiciados em 2004 por suas participações em fraudes. Em 2006, um júri da corte federal no Texas, declarou Skilling e Lay culpados. Jeff Skilling foi condenado a 185 anos de prisão por diversas fraudes e Ken Lay foi condenado a 45 anos na prisão. Lay faleceu no mesmo ano da sua sentença à prisão. Outro fato de impacto foi a atuação da Arthur Andersen que sustentava a ilusão de sucesso da Enron em suas auditorias independentes, o que a levou à falência pouco tempo do fechamento da Enron. 

Em virtude dos escândalos financeiros, acarretados pela Enron, foi criada em 2002 pelos legisladores dos Estados Unidos, a lei Sarbanes-Oxley Act (SOX), com alterações no código de ética do Financial Accounting Standards Board (FASB). Dentre os diversos aspectos importantes, a SOX designa maior transparência para os acionistas e a responsabilidade criminal aos administradores da empresa em casos de fraudes financeiras, independentemente do país de origem. O FASB possui autoridade para definir e interpretar princípios do generally accepted accounting principles (GAAP) que significa que organizações sem fins lucrativos e governos devem seguir normas prescritas ao apresentar suas demonstrações financeiras. 

De forma sucinta a gestão de crise organizacional impacta tanto interna como externamente o meio que situa. Diante de situações de conflitos sabemos que o poder, as necessidades e as expectativas se configuram de acordo com os valores e a ética dos envolvidos. Nas organizações as crises variam de complexidade e impacto, porém ameaça a perenidade, a imagem, o sucesso econômico e a retenção de profissionais independentemente, do grau que ocorre.

Referências:

BASTIDAS, Carmen. El caso Enron. Principales aspectos contables, de auditoría de gobierno corporativo. RIL editores, 2007.

BERGAMINI JÚNIOR, Sebastião. Ética empresarial e contabilidade: o caso Enron. Pensar Contábil, v. 5, n. 16, 2015. Disponível em:

MARÇAL, Ronan Reis. Reflexes of Enron’s Fall: A fifteen-year perspective on brazilian academic productions. Revista Brasileira de Gestão e Inovação (Brazilian Journal of Management & Innovation), v. 6, n. 3, p. 101-120, 2019.

MONTES, Ricardo Mora. Las preguntas que plantea el caso Enron. Contaduría y Administración, n. 207, p. 17-25, 2002.

VALERO, Vicente Martín. El lado oscuro del capitalismo: el caso Enron. Universidad de Alicante, 2012.